quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

post do amor

Enquanto espereava pacientemente em uma fila de supermercado qualquer, tive meus ouvidos e pensamentos invadidos pela voz de uma desconhecida, que aguardava sua vez com um pouco menos de paciência enquanto conversava com alguém ainda mais desconhecido ao celular. Enquanto uma senhora se mostrava inapta a utilizar um cartão de crédito e fazia toda uma fila se arrastar, a desconhecida atrás de mim terminava sua ligação dizendo "blá blá blá, tô indo aí, TE AMO, TÁ?".

No mesmo momento, meus pensamentos comuns sobre o que fazer para comer, contas para pagar e se já estaria disponível o download de gossip girl foram invadidos e, quase à força, fui obrigada a imaginar um amor entre desconhecidos que sentem uma necessidade real de lembrar seu sentimento a cada instante. Imaginei aquela mulher chegando em casa em uma Honda Biz vermelha cheia de adesivos das meninas super poderosas com um copo de uma bebida cor-de-rosa nas mãos e dizendo "EU TE AMO, TÁ?" para cada um de seus 17 gatos.

Não tenho nada contra o amor, acho até legal que as pessoas se amem, apenas sou contra essa necessidade que algumas pessoas sentem de mostrá-lo à qualquer ser vivo que se aproxime, exibindo sua felicidade como um troféu diante de um mundo cheio de dor e sofrimento. Para mim, pessoas que me incomodam com o seu amor são as mesmas que não gostam de cachorros, consomem bebidas como caipirinha de kiwi com pêssego, preferem a DC Comics e sonham em ser ricas e ter um jet sky.

Em 21 anos de vida, ouvi 'eu te amo, Laura' no máximo 3 vezes, o que resulta numa média de um amor declarado a cada 7 anos. Não acho isso ruim, pelo contrário, pois não gosto nem de imaginar alguém dizendo que me ama todos os dias (mesmo porque eu teria que responder, e você, caro leitor, pode imaginar como isso seria desconfortável). Mesmo assim eu sei que quem me ama realmente me ama, pois não sente a necessidade de que eu saiba disso por palavras (ou gritos no celular). Pode estar tudo errado, mas esse blog é meu e eu mando aqui.

Acho que cada um deve guardar seu amor e suas consequentes declarações para seus amados, e não gritá-las em filas de supermercado. Penso que o exagero só as faz soar cada vez mais falsas, mostrando que, além de um certo desequilibrio, quem as faz baseia seu amor em relacionamentos forçados e estruturas familiares mal planejadas que resultarão apenas em um futuro de sofrimento e privações quando cada parte amada descobrir que viveu anos de mentiras. (fiquei maluca escrevendo isso aqui, ahahaha).

Portanto, peço a quem leu que tenha mais respeito por seus sentimentos, de forma à torná-los verdadeiros. Se não for possível, por favor, não entre atrás de mim em qualquer tipo de fila. Obrigada.